Um auê

Vou colocar a boca no trombone, se o músico me emprestar o instrumento, eu devolvo sem a promessa de nenhum arranhão. Se o relógio é biológico, é vida na certa, logo, posso trocar a noite pelo dia, sim, e daí? Minhas melhores palavras foram bem ditas na calada da noite. 

Se manter a calma fosse bom, as pessoas não iriam armadas de brilhos para o agito, portanto, vá procurar a sua turma. Sem tranquilidade alguma, eu quero sovar as massas, pisar as uvas e me embriagar de turbulências. 

Durante o tumulto, eu gosto mesmo é de correr para o abraço. E, se não tropeçar em inconveniências, ainda dou umas sacudidelas na sorte de ter fugido por vias públicas e notórias. 

A insônia deve persistir até provocar uma revolução, caso contrário, é sonhar acordado durante a noite inteira e só. Imagine se sonhar sem fazer acontecer adianta! A vida passa, pois, passar a vez é atraso de vida. 

Quem não conhece o alvoroço de perto nem precisa ter pressa. Só para quem é íntimo de estardalhaços viscerais, o vagar tem fundamento. Em todos os sentidos, tome nota. Tome um sol de tocar para fora esse silêncio enquanto farejo no escuro o som do seu paladar afinado em mim. Enfim, um auê!

O Blog A Vitrine 26 destaca gente e variedades. Um auê destaca as paixões.  Foi escrito em 01/06/2011 para o blog Gostos e Desgostos, que está sendo desativado aos poucos.